E se a ajuda não vier?
E se de repente você se deparar com você mesmo aos sessenta anos sozinho?
E se o medo do que se viveu e deixou de viver for mais forte do que o medo da morte?
E se ao olhar para traz apenas pequenas lembranças lúcidas te tornarem o que és hoje?
E se o medo de desistir for maior do que a ânsia de continuar?
E se a compaixão pelo próximo se tornar apenas o desejo de estar acompanhado?
E se o medo de permanecer intacto for maior do que a vontade de se arriscar
Por novos mundos desconhecidos em si mesmo?
E se o medo do ontem seja mais mortífero e incerto do que o amanhã?
E se apenas restar o medo do que já se possui, do que já se conquistou,
Do que já foi perdido e acima de tudo não volta mais?
E se o medo das marcar e cicatrizes te privarem de sentir a dor que o mundo
E todas as pessoas que vivem nele te proporcionam?
E se o medo do escuro permanecer?
E se a ajuda não vier e você perceber que já não há a quem recorrer?
E se a ajuda só trazer consigo o medo aumentando o transtorno e levando o sossego?
E se apenas restar o medo do erro?
O medo do incerto e do desconhecido?
E se de repente o medo de cruzar a linha seja maior do que a coragem de tentar?
E se apenas o medo de se ver velho, amargo e arrependido for tudo que restar?
E se o medo de se completar te limitar e te impedir de sorrir?
E se o medo de lágrimas doces trazerem o sal em sua boca for maior do que teu choro?
E se o passado apenas te ferir?
E se o medo do passado abrir velhas feridas for mais forte do que relembrar momentos vividos?
E se o medo de abrir uma nova porta seja apenas mais uma chance perdida?
E se você se encontrar perdido onde sempre esteve?
E se o maior medo de agora for o mesmo de antes?
E se o medo de tudo te mostrar que o nada é tudo que resta?
E se a ajuda não vier e seus gritos se calarem para o medo que grita em você?
E se o ar puro que bate em sua pele se tornar um risco?
E se a ajuda for apenas um início para o fim que o medo jamais permite chegar?
E se o medo regar seus pesadelos e impedir a ajuda de te alcançar?
E se o medo consiga percorrer a todos os meios que você poderia recorrer?
E se o medo não te permitir contar com a ajuda que antes era tão certa?
E se o medo do incerto for mais certo do que as suas duvidas?
E se o medo de suas certezas se confundir com o prazer de viver e experimentar?
E se a ajuda não chegar e o medo te possuir por inteiro,
Caminhando de mãos dadas com você rumo a seu próprio fim?
E se o medo da ajuda não te permitir conservar a esperança que ainda resta em ti?
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