Culpo-te

Hoje foi mais um dia que passou…um entre tantos…mais um.

Dói-me a cabeça, cansado de pensar, de vaguear por aí.

Passado...

Não era suposto servires como um farol a iluminar-me o presente? Então porque é que me atracas a ti como um porto?

Mais um dia…pensei sim…como todos os dias religiosamente o faço.

Queria ser o outro, aquele que inocentemente e ingenuamente ainda acreditava…

Acreditas que me tornei seco? Amargo? Racional? Acreditas que o mesmo que amou desmedidamente, o mesmo que viveu de amor, e por amor, o mesmo que te deu o mundo sem te o pedir de volta…Acreditas que morri? Que não tenho nada, nada mais para dar? Acreditas que já nada cá chega, que nada toca?

Estou preso dentro deste corpo irrequieto que se dá ao luxo de pensar…Já não tenho nada, estou vazio…

Mais uma historia.

Mais um.

Nem o senti.

Passou.

Durou o tempo previsível da paixão…mas o amor não chegou…

Como nunca chega, como já não chega há muito tempo…

Culpo-te por me teres dado tudo…

Sou bem mais feliz sem ti, e não há dia que passe que não me orgulhe do caminho que percorri para me libertar… Mas perdi o brilho, a inocência que tinha…a capacidade de acreditar...a capacidade de amar.

Tantas historias, tantos sentimentos, tantas entregas, tantos momentos…

Já não fazes parte de nada.

Memórias que carrego…hoje as boas, ontem as más…no entanto é o que vivi contigo que me prende, que me aprisiona, que me tornou assim…

Culpo-te por me teres amado demais.

Culpo-te.