Quando tudo se vai, quando nada mais resta,
Quando as ruínas se fazem em moradia,
Quando a noite foge do dia,
Quando o que era unido se separa,
Quando o céu é o guia, quando a luz irradia,
Quando nada mais é covardia,
Quando a falta de vergonha encontra uma cara,
Uma nova face para se esconder
E por sua vez se perder em sua própria repudiação.
Quando a intuição se torna uma certeza,
Quando a falta de opção se constitui em tristeza,
Quando o espaço se refaz em preto e branco,
Quando o retrato se apaga aos poucos,
Quando o filme se conduz em meio ao recanto
De não poder existir nem dar lucidez aos loucos,
Quando as cenas de horror se tornam cada vez mais real,
Quando tudo é imoral, e a falta de moral se torna normal,
Quando o poder se torna fraco,
Quando tudo que resta é um cais sem um barco,
Quando o absurdo se torna uma rotina,
Quando o fechar de todas as cortinas
Não te faz ser quem realmente és,
Quando já não podes tirar as raízes dos pés,
Quando só o que é resto resta,
Quando os resíduos constituem algo concreto,
Quando o que era incerto se mostra possível,
Quando o impossível se destrói,
Se apaga por completo,quando sentir-se completo
É esvaziar-se de vez em quando, quando?
E quanto custa isso? Quanto?
Será que é muito? Será que é pouco?
Ou será que só eu no meio disso tudo,
No meio dessa gente toda,
Em meio a essa loucura toda
Estou ficando louco?
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