Eu sou o lixo do mundo,
Sou o vômito de Deus,
Sou o arrependimento importuno,
Tanto meus quanto seus.
Sou o resto cru de toda carne podre,
Sou o verme que rasteja e habita,
Sou as fezes de adão,
Sou o vírus em uma célula,
Sou o átomo morto em uma molécula,
Sou o vácuo e seu vazio.
Eu sou a dor do parto
E o aborto de Maria,
Sou o incesto do tempo,
Sou o arrependimento à venda,
Sou o câncer comestível,
Sou a aids em comprimido,
Sou um tumor solto em um organismo,
Sou uma idéia presa numa caixa.
Eu sou o que não se acha viver,
E o que não se espera existir.
Eu sou o improvável, o inexistente,
Sou a oportunidade deprimente.
Eu sou o que se ofusca na noite
E o que brilha no dia,
Sou o imperceptível, o inotável,
Sou o inconstante mutável,
Sou o inimaginável que se pode imaginar.
Eu sou a aposta sem sorte,
Sou a linha da morte,
Sou o sul sem o norte da direção que falta,
Eu sou o que espera a hora de morrer,
Sou o que deu errado,
Sou o fim dos tempos,
Sou o inicio da decadência humana
Com toda a sua miséria acumulada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário