Hoje eu quero fazer algo de mal em mim,
Eu quero respirar fumaça e vomitar sangue,
Quero comer poeira e acordar sem dono.
Hoje eu quero encontrar o mal em mim e dançar com ele,
Eu quero buscar tesouros e nadar em abismos,
Quero destruir uma coisa bonita e dormir sem sono.
Hoje eu quero ver todo o mal em si e brindar com ele,
Eu quero abraçar o desespero e arder no asfalto,
Quero derrubar uma árvore e queimar um jardim.
Hoje eu quero refazer todo o mal em mim,
Quero apagar sonhos e cometer crimes,
Quero demolir uma casa e pular pela janela.
Hoje eu quero me fazer pelo mal que construí,
Quero criar vermes e cultivar minhas paredes,
Quero quebrar quadros e esquecer cálculos.
Hoje eu quero trazer o mal de novo pra mim,
Eu quero consumir corpos e sucumbir palavras,
Quero conservar defeitos e inundar mentes,
Quero comemorar a volta devastadora do caos.
Hoje eu quero fazer parte da podridão,
Quero pisar em vidros e beber me próprio sangue,
Quero derrubar os que caem aos pedaços
E enterrar seus ossos no teto.
Hoje eu quero lembrar de todo o mal que fiz
Quero rasgar minhas roupas,
E demolir os últimos prédios em extinção
Que resistem ao ferrugem e ao suor do tempo.
Hoje eu quero dar um rumo ao mal em mim,
Quero derrubar muros intactos,
Quero manipular a mentira e destruir a verdade,
Quero tolerar a falta de tolerância.
Hoje eu quero arruinar a minha vida,
Quero explodir a minha casa comigo dentro
E com todas as coisas insignificantes para mim.
Hoje eu quero ser queimado vivo
E renascer de minhas próprias cinzas,
Quero ter a certeza de que algumas coisas
Nunca fizeram a diferença em minha vida.
Hoje eu quero me misturar com o lixo
E fazer parte de tudo que contamina as ruas,
Quero destruir um objetivo e satisfazer um desejo.
Hoje eu quero tudo que nunca quis,
Quero voltar ao início do meu fim,
Retroceder o povoamento e toda a evolução,
Quero comer a poeira e ferir um coração.
Hoje eu não quero ter um nome nem uma estrutura,
Eu quero vagar pelo fogo que arde e que apaga em mim
As lembranças que jamais esqueci.
Hoje eu quero ver toda a água secar
E reviver o amor em mim de quem nunca amei,
Quero nadar na poluição que plantei.
Hoje eu quero emergir das profundezas dos labirintos
Mais sombrios que possam existir em mim,
Quero perder a noção do tempo,
Quero me perder no espaço,
E brindar com todos meus inimigos.
Hoje eu quero quebrar todos os relógios
E apontar os ponteiros para o céu,
Quero costurar o chão e entrelaçar as paredes
Que desmoronam a todo momento.
Hoje eu quero alimentar meus demônios,
Quero dar vida a minhas lendas
E desmontar o quebra-cabeça da minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário